Dois carros de bombeiros, uma ambulância, homens fardados por todos os lados e um aglomerado de pedestres na frente de um prédio residencial. Quem passava pela Estrada do Rio Morto, em Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio, logo imaginava que se tratava de um incêndio. E era. Só que de mentirinha.
Para mostrar os bombeiros do quartel fictício de Tinguá, da novela Chamas da Vida, como heróis mais uma vez, a Record alugou um apartamento para, durante as gravações, explodir um de seus quartos. Tudo, é claro, com a supervisão da equipe de Jorge Só, dublê responsável pelas cenas de ação e de efeitos especiais da emissora. Apesar de dirigir sua primeira novela, o diretor Rudi Lagemann, o Foguinho, tem vasta experiência com esse tipo de tomadas de ação, que comandava em comerciais.
"Tento fazer as externas como faço no cinema e na publicidade. Todas as novelas têm estúdio. Uma das principais coisas que diferencia as tramas da Record é a preocupação com externas fora da emissora", defendeu Foguinho.
Na cena, Guilherme, Pedro, Júnior e Cazé, vividos por Roger Gobeth, Leonardo Brício, Gabriel Gracindo e Milhem Cortaz, tentam controlar o incêndio em um apartamento onde uma menina está presa.
A seqüência, além de trazer ação à rotina dos bombeiros fictícios, também é o ponto de partida para a discussão dos problemas e preconceitos relacionados à Aids. Durante o salvamento, Guilherme machuca a cabeça e entra em coma.
No hospital, ao examinarem o rapaz, descobrem o vírus do HIV em seu sangue. Por conta disso, Roger era o ator mais "sujo" na locação. Para simular o ferimento na cabeça, a equipe de maquiagem composta por Wagner Rezende, Wladmir Lobo e Eros Roberto utilizou uma massa de fibra vermelha. "Colocamos também um sangue de mentirinha, importado da Alemanha, que dá o aspecto de estar coagulado no corpo", explicou Wagner, enquanto retocava Roger. "Ontem precisei lavar a cabeça quatro vezes para tirar isso", exclamou Roger, que gravou a cena em dois dias.
O momento de maior tensão nas gravações foi na hora de explodir a janela do apartamento. Antes de dar início, o grupo de cenografia da novela cobriu as paredes do imóvel com painéis de proteção. Quando tudo ficou pronto, a equipe de Jorge Só preparou o local para, através do acúmulo de gás, produzir uma bola de fogo capaz de quebrar o vidro da janela sem colocar em risco o apartamento ou qualquer morador.
"Trocamos o vidro por um mais fraco para não correr o risco de dar errado ou não produzir o mesmo efeito", conta Rudi, antes de dar o "ok". O sinal precisou ser dado duas vezes, já que na primeira a equipe que estava no prédio não ouviu. Para evitar acidentes, a área embaixo da janela foi isolada. Ali só ficou uma câmara, filmando a cena sob os cacos de vidro que, logo depois, começaram a cair.
Leonardo Brício, Roger Gobeth, Milhem Cortaz e Gabriel Gracindo contaram, como sempre, com a ajuda de uma equipe de bombeiros de verdade. Tudo para o caso de, na hora "H", algo dar errado. "Até hoje não foi necessário. Mas é uma segurança para a equipe contar com esse apoio", opinou Leonardo, que encarna o mocinho Pedro na trama de Cristianne Fridman.
E a presença dos profissionais não serve apenas como ação preventiva: eles orientam a equipe em todas as seqüências para que nada apareça de forma errada no vídeo. "Fizemos um treinamento intenso antes de começarem as gravações, mas a cada cena aprendemos coisas novas com o pessoal que acompanha. Eles já são praticamente do elenco de 'Chamas da Vida'", brincou Gabriel, enquanto se posicionava para gravar uma cena em que seu personagem, Júnior, tenta apagar o fogo com uma mangueira. Só que gravando na direção contrária a do prédio. "Não vai fazer diferença no ar. A câmara está fechada nele", explicou Foguinho.
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